25 outubro 2007

Para que precisa Portugal da Quercus?


A Quercus pronunciou-se publicamente favorável à exploração de energia eólica no Parque Natural de Montesinho.
Segundo a associação é "contraproducente uma proibição taxativa" do potencial eólico da área protegida como se encontra proposto no Plano de Ornamento elaborado pelo Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade. Defende a ONG que "a construção de pequenos empreendimentos eólicos em contextos específicos, quando devidamente avaliados, pode ser compatível com os objectivos de conservação da biodiversidade", sugerindo que se "deverão definir um limiar de potência instalada e eventualmente o número de aerogeradores".
Mas em que mundo vivem estes senhores? Para o Parque Natural de Montesinho está projectada a instalação do maior parque eólico europeu o que destruirá definitivamente uma das mais belas paisagens portuguesas, arruinará os projectos turísticos locais já desenvolvidos e a consequente diminuição do fluxo de visitantes condenará à desertificação definitiva as aldeias distribuídas pelas serras de Montesinho e da Coroa. Isto para já não referir que a abertura de dezenas de quilómetros de novos acessos em áreas ecologicamente sensíveis causará um elevado impacto ambiental ou que os aerogeradores constituem uma ameaça directa para espécies protegidas como a Águia-real (Aquila chrysaetos), o Milhafre-real (Milvus milvus) ou o Tartaranhão-azulado (Circus cyaneus).
Quando a principal associação de protecção da Natureza portuguesa, com as responsabilidades que lhe advém desse facto, defende a edificação de torres eólicas no pouco mais de 20% do território nacional classificado como área protegida está a abrir um precedente gravíssimo. Como em Portugal falta o planeamento é fácil prever que a Quercus ao favorecer a instalação de parques eólicos numa das mais protegidas montanhas portuguesas está de facto a conceder carta branca e ascendente ético ao Governo e à Câmara Municipal de Bragança para levarem avante o projecto megalómano da empresa Airtricity.
Para que precisa a Natureza lusa de uma associação ambientalista que assume posições tão infelizes como esta?
Que ganhará a Quercus, e nomeadamente a sua delegação de Bragança, ao concordar com um fortíssimo lobby económico com grande representação local em desfavor do ambiente e da paisagem transmontanos?

18 outubro 2007

Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho

Natureza preservada e horizontes sem fim...
Qual o valor turístico desta realidade? Não tem preço! As gentes de Bragança preparam-se para condenarem
à desertificação definitiva as Serras de Montesinho e da Coroa ao pretenderem a instalação de gigantescos parques eólicos nesta paisagem belíssima.

Terminou ontem, dia 17 de Outubro, o período de discussão pública do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho. Trata-de de um documento fundamental pois entre outras importantes determinações dele dependerá a eventual exploração ou não de energia eólica no âmbito da área protegida.
Transcrevo de seguida o meu contributo pessoal para a discussão pública sobre o Plano de Ordenamento.

"O Parque Natural de Montesinho constitui um dos mais belos locais de Portugal. O valor da sua paisagem é inquestionável e o potencial turístico que encerra representa porventura a principal mais valia do Distrito de Bragança.
A exploração sustentada de um turismo de qualidade que inclua a recuperação arquitectónica das aldeias e a preservação do meio natural é o maior garante da criação de postos de trabalho para a população local e a única forma de deter o declive populacional de que padece a região.
Deve ser portanto proibida a instalação de torres eólicas no âmbito do Parque Natural de Montesinho. A sua edificação acarretaria de forma definitiva a perda do valor da paisagem e condenaria as povoações a uma desertificação inevitável.
Os parques eólicos, por maiores que sejam, apenas criam postos de trabalho durante a sua instalação. Uma vez concluídos poucos empregos proporcionam para os habitantes das aldeias afectadas. Neste caso em particular a situação seria ainda mais gravosa pois condenar-se-iam ao encerramento os alojamentos rurais actualmente em exploração. Por acaso alguém acredita que continuariam a chegar turistas das cidades do litoral para visitar uma paisagem industrializada em pleno Montesinho? Não é precisamente um ideal de aldeias e Natureza preservadas que atraem visitantes a Bragança? Que sentido faria a instalação de torres eólicas nas mais belas praias algarvias ou próximo a locais tão emblemáticos como Almourol ou Alcobaça?
Os rendimentos que provenham da implantação de parques eólicos na mais extraordinária paisagem montanhosa do país terão a médio prazo um preço demasiado elevado: condenarão ao desaparecimento as aldeias das Serras de Montesinho e da Coroa."

15 outubro 2007

A reprodução dos Anfíbios


Lagoa de origem glaciar na alta montanha cantábrica onde em Setembro se podia observar a fase final de desenvolvimento
larvar de anuro.


Os anfíbios, cuja designação com origem no latim significa vida dupla, caracterizam-se por alternarem o seu ciclo de vida entre as fases aquática e terrestre. Assim enquanto que o estado larvar decorre na água já a vida adulta inicia-se com a metamorfose e desenvolve-se em ambiente terrestre.
A reprodução ocorre nas épocas de maior pluviosidade e de temperaturas mais amenas coincidindo habitualmente com a Primavera e o Outono. Nos anuros (a ordem de anfíbios mais numerosa onde se incluem as rãs, as relas e os sapos) a fecundidade é bastante elevada podendo atingir milhares de ovos por postura.
O desenvolvimento larvar tem uma duração variável podendo prolongar-se por vários meses. Os membros surgem numa fase avançada da maturação aparecendo em primeiro lugar os posteriores. Os membros anteriores emergem próximo da metamorfose, a grande transformação onde se verifica a reabsorção da cauda e que culmina com o aparecimento do juvenil já bastante semelhante ao adulto.
Da próxima vez que caminhar próximo a uma zona húmida ou lagoa de altitude não se esqueça de dar uma espreitadela à massa de água e tente descobrir quais os anfíbios que a frequentam. A descoberta das suas características e as particularidades dos seus ciclos de vida contam-se entre os aspectos mais interessantes da vida selvagem.